O consumo em restaurantes, bares, lanchonetes e padarias registrou queda de 27,2% em janeiro, é o que apontam os índices divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas. Em contraponto, os supermercados, depois de observarem uma baixa no valor gasto em dezembro (-3,1%), voltaram a apresentar números positivos nesse mês (5,4%).
Os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) mostram que houve ainda uma retração de 43,1% no volume de transações realizadas (em comparação com janeiro de 2019). Somado a isso, o número de estabelecimentos comerciais que efetivaram transações também foi inferior ao observado no mesmo mês de 2019 (-2,8%).
“Mesmo que os números dos valores gastos apresentem uma melhora, quando comparados ao mês anterior (-30,4%), os resultados ainda são piores do que os registrados em outubro (-26,5%) e novembro (-25%) de 2020”, afirma Cesário Nakamura, presidente da Alelo.
Em relação aos Índices de Consumo em Supermercados (ICS), os dados de janeiro indicam que o segmento encerrou o período com uma queda de 9,9% no volume de transações, tendo como base o mesmo período de 2019. Além disso, as informações destacam que o número de estabelecimentos que efetivaram transações permaneceu praticamente estável (0,7%), em relação ao patamar de janeiro de 2019.
Segundo os pesquisadores da Fipe, a análise dos últimos resultados, referentes ao segmento de supermercados, evidencia que os níveis de consumo voltaram a replicar o padrão exibido ao longo do segundo semestre de 2020, após queda acentuada apresentada nos indicadores de dezembro (-3,1%).
Vale destacar que os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) acompanham as transações realizadas em estabelecimentos como supermercados, quitandas, mercearias, hortifrútis, sacolões, entre outros; e os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) apontam a evolução do consumo de refeições prontas em estabelecimentos como restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, além de serviços de entrega (delivery) e retirada em balcão/para viagem (pick-up). Ambos são calculados com base nas operações realizadas a partir da utilização dos cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição, em todo território nacional. Além disso, é importante assinalar que a escolha do ano de 2019 para o cálculo dos impactos do consumo se dá pelo fato de que esse ano foi a última referência completa de um período dentro da normalidade da atividade econômica, que ocorreu antes da pandemia.
Dados regionais
Em termos regionais, a análise dos resultados revela que os efeitos da Covid-19 continuam se distribuindo de forma heterogênea sobre o país, refletindo a gravidade do quadro da pandemia em cada estado, as diferenças entre os processos de fechamento e reabertura das economias locais, a imposição de medidas sobre o uso e compartilhamento de ambientes fechados para consumo, entre outras.
Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, o segmento mais fragilizado pela pandemia, é possível evidenciar que as regiões mais impactadas negativamente em janeiro de 2021 foram a Norte (-33,9%) e a Sudeste (-28,1%), ao passo que as menos afetadas foram as regiões Sul (-22,7%) e Nordeste (-22,7%). Já no Centro Oeste, a variação registrada foi de -25,8%.
Individualmente, os estados que tiveram os piores resultados foram: Amazonas (-47,4%), Rio de Janeiro (-36,7%), Mato Grosso (-30,2%), Distrito Federal (-27,5%) e Rio Grande do Sul (-27,0%) contrapondo-se àquelas que apresentaram crescimento ou quedas menos acentuadas no consumo: Rondônia* (8,7%), Acre* (5,4%), Alagoas* (-2,8%), Pará (-8,4%) e Maranhão (-9,3%). No que diz respeito ao consumo em outras unidades federativas, vale mencionar os resultados de janeiro em: São Paulo (-25,9%), Minas Gerais (-26,0%), Santa Catarina (-17,1%), Paraná (-23,4%) e Pernambuco (-20,2%).
Metodologia dos índices
Todos os índices foram elaborados e depurados com base em critérios estatísticos para garantir a consistência e a interpretação dos resultados ao longo do tempo:
Amostra: todos os índices são calculados a partir de dados diários de transações realizadas em estabelecimentos comerciais distribuídos por todo o território nacional, entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de janeiro de 2021.
Valores atípicos: para evitar oscilações nos índices decorrentes de eventuais entradas ou saídas de empregadores de grande porte na base de dados, observações associadas a empresas que se enquadram nesses critérios foram desconsideradas nos cálculos.
Sazonalidade: foram adotados os seguintes procedimentos para mitigar a influência de fatores sazonais: (i) cálculo de média móvel de 7 dias (dados do dia observado e dos 6 dias anteriores a ele), eliminando assim os efeitos dos dias úteis e finais de semana sobre as séries; (ii) identificação e filtragem de fatores sazonais relacionados ao comportamento das séries em dias específicos dentro de cada mês (1º dia, 5º dia, 10º dia…), por conta do calendário de recarga e distribuição temporal do uso dos benefícios nos estabelecimentos no período.
Inflação: os dados relativos ao consumo em valor foram deflacionados com base na variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Influência de outros fatores: os impactos apresentados não excluem a influência de fatores, eventos e políticas coincidentes com a pandemia sobre o comportamento e hábitos de consumo da população ao longo do período de análise. Todavia, levando-se em conta o caráter inesperado das medidas restritivas instituídas a partir de março, na maior parte das grandes cidades, bem como o padrão comportamental dos índices nos anos precedentes, é possível relacionar as variações atípicas observadas no comportamento das séries à pandemia da Covid-19.
Frequência: todos os índices são apresentados com frequência diária para todo o período disponível da amostra, tendo por referência inicial (base 100) a média diária em janeiro de 2018. Os impactos calculados estão disponíveis para todos os dias, quinzenas e meses de 2020.
Recorte geográfico: os impactos – apresentados como percentuais de variação dos índices em relação à média observada em 2019 – consideram os seguintes recortes: (i) média nacional (Brasil); (ii) Médias das 5 regiões (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste); (iii) Média dos 26 estados e Distrito Federal (27 unidades federativas).