Os negócios de impacto social estão se tornando uma tendência econômica em países em desenvolvimento. No Brasil, atualmente existem 1002 empresas que atuam com essa vertente nas áreas de educação, saúde, cidadania, tecnologias verdes, serviços financeiros e cidades, representando um crescimento de 73% em comparação ao último mapeamento realizado pela Pipe.Social, em 2017, em que apenas 579 instituições promoviam essas iniciativas. As empresas de impacto social também registraram um crescimento de 31% no faturamento nos últimos anos, segundo a pesquisa.
O “empreendedor de impacto”, como são chamadas as pessoas motivadas a obter resultados financeiros e, ao mesmo tempo, solucionar um problema social, têm ganhado cada vez mais espaço no País. Há 13 anos, o empreendedor Antonio Carlos Brasil, faz parte dessa parcela de brasileiros que geram negócios de impacto positivo. Ele criou em 2006, na cidade de Colombo (PR), o Acesso Saúde, sistema de saúde particular, voltada para a população que não possui plano de saúde, com o modelo de clínica popular. “Sempre quis empreender e durante minhas pesquisas percebi que havia uma escassez muito grande na área de saúde, principalmente, pela precariedade do atendimento feito pelo SUS”, comenta Brasil.
Esse modelo de negócio fez crescer a popularização desses serviços nos últimos anos e, atualmente, o setor de saúde representa 26% das empresas que atuam com impacto social. Essas iniciativas contribuem para o acesso de pessoas de baixa renda a serviços acessíveis e de qualidade. “Uma das principais características do Acesso Saúde é levar atendimento médico para a população que não consegue arcar com os custos dos planos de saúde. Além disso, oferecemos valores até 50% mais baratos dos que são ofertados no mercado”, comenta Brasil.
Apesar do estudo apontar que 71% dos negócios de impacto social foram gerados por meio de recursos próprios, a falta de capital para escalar a empresa ainda é uma dificuldade enfrentada nesse segmento, pois oito em cada 10 empreendedores de impacto estão em busca de algum tipo de investimento. O dado indica que embora esse tipo de negócio esteja crescendo no País, ainda são necessárias políticas de incentivo, para fomentar o desenvolvimento desse tipo de empresa.
Além de recursos, os empreendedores de impacto positivo também necessitam de apoio de parceiros ao longo de sua jornada, para que o negócio dê certo. Segundo o fundador do Acesso Saúde, no início da empresa ele enfrentou grande resistência da comunidade médica. “Apostei em um nicho de mercado que não existia e muitas pessoas duvidavam se daria certo. Com um capital de apenas 12 mil reais que ganhei de uma rescisão, abri a primeira unidade e atendemos apenas 15 pessoas em um período de 15 dias, porém após um mês de atuação o nosso número de atendimento saltou para 478 pessoas”, conta. A rede já chegou a marca de 10 mil atendimentos mensais em uma única unidade.
A persistência do empreender fez o negócio crescer e atualmente a rede atende cerca de 250 mil pessoas por ano, nas 31 unidades da rede espalhadas no Brasil. “O modelo de franquias nos permitiu expandir a nossa atuação para todas as regiões do território nacional e cumprir nosso objetivo de oferecer saúde para todos os brasileiros”, comenta Brasil. A empresa oferece mais de 34 especialidades médicas e 1.200 tipos de exames. A previsão da rede é chegar a 40 novas unidades até o final do ano e faturar 60 milhões de reais.