Problema com capital de giro é principal causa do fechamento de franquias

Tão importante para o bom funcionamento de um negocio quanto o próprio lucro, a má gestão do capital de giro pode ser fatal para uma franquia. Segundo o consultor do Sebrae Fabiano Nagamatsu, muitas franquias acabam fechando por problemas na programação do capital de giro, tornando a questão uma “bola de neve”.

“Geralmente essas informações já estão nesse planejamento dos franqueador. Mas o capital de giro vai depender de como aquela empresa trabalha, se ela vende mais à vista ou mais à prazo, por exemplo”, explica o consultor do Sebrae.

De acordo com Nagamatsu, os fatores mais comuns que interferem na necessidade de capital de giro são o tamanho do estoque e a participação das vendas à prazo no total do negociado por aquela empresa. “Se eu comprar mais à vista e vender mais à prazo, por exemplo, eu vou aumentar minha necessidade de capital de giro porque estarei recebendo num prazo mais estendido”, explica.

O problema, no entanto, está quando o franqueado não consegue administrar o capital de giro e precisa buscar mais recursos para a empresa funcionar. O consultor do Sebrae conta que é comum pessoas buscarem as franquias por acreditarem que se trata de um modelo de sucesso, dispensando conhecimentos básicos como o de gerenciamento e gestão.

“Realmente as pessoas confundem muito e acham que a empresa já chega pronta, que não precisará injetar dinheiro. Mas não é de uma hora para outra que começo a vender muito e ter retorno. O retorno geralmente demora em média de um ano e meio a dois anos dependendo do segmento”, explica o consultor.

Para evitar esse tipo de problema, a rede China House, franquia de restaurantes com 14 unidades, sendo 13 na capital paulista e uma no estado do Maranhão, adota uma série de medidas para selecionar franqueados que tenham, de fato, aptidão para lidar com o negócio.

“A gente tem o costume também de fazer um test drive de um final de semana com o candidato e nesse test drive a gente já consegue perceber nitidamente quem vai e quem não vai [conseguir gerir a franquia]”, explica o diretor da China House, Jorge Torres. O executivo estima que apenas 10% do total de interessados em adquirir a marca cheguem com alguma noção sobre como é gerir uma franquia ao procurar pelo grupo.

“São critérios que a gente bate muito na tecla, principalmente durante o test drive. Mas ainda assim, destes 10%, podemos dizer que cerca de 5% do total tem um perfil que vai mesmo se adequar ao nosso negócio”, ressalta o franqueador.

Segundo Torres, todos os valores envolvidos na operação da China House são apresentados para os potenciais franqueados logo no início da negociação, englobados no valor total da marca e depois desmembrados e explicados em cada item.

“Em relação ao capital de giro a gente explica que aquilo é uma estimativa e que pode ser que seja preciso injetar mais dinheiro no meio do caminho porque não há como ter uma bola de cristal que revele como vai ser a operação, já que isso depende muito mais do franqueado do que da própria franquia”, explica Torres.

Empréstimo

Uma das saídas mais difundidas para conseguir obter o capital de giro é a partir de empréstimos e financiamento junto a instituições bancárias. O consultor do Sebrae Fabiano Nagamatsu explica que nesses casos é preciso ter planejamento para que o problema não se torne ainda maior.

“Além da análise de viabilidade da própria franquia você precisa fazer uma análise à parte com metas mensais de quanto que você vai precisar faturar a mais para conseguir recuperar e pagar esse empréstimo”, explica o especialista que alerta para o fato de problemas com empréstimos e má gestão do capital de giro ser uma das principais razões para o fechamento de unidades entre franquias e entre o comércio como um todo.

“Isso vai acarretando juros que vão aumentando e levando à retirada de recurso de um lugar para outro até que se perde todo o controle. Uma coisa é vender bastante, mas quantos estão pagando á vista? Quanto está entrando de fato de dinheiro?”, ressalta Nagamatsu ao concluir:

“Dever não é errado. Errado é não pagar. Se eu me programei e vi que tenho, dentro daquela perspectiva, condições de pagar todo mês o banco e saldar uma parcela da minha dívida, não há problema algum. Mas para isso é preciso ter esse planejamento”.

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