O mercado de delivery segue em crescimento desde o início da pandemia. Em 2021, os gastos nesta modalidade tiveram uma alta de 24% em comparação ao ano anterior, movimentando um total de R$ 40,5 bilhões, de acordo com estudo feito pela GS&NPD, em parceria com o Instituto Foodservice Brasil. A pesquisa também mostrou que o tráfego de visitantes em sites e aplicativos de entrega subiu 13%, com 2,2 bilhões de acessos ao longo do ano.
Pedro Judacheski, CEO e sócio fundador da Delivery Much, plataforma de delivery que nasceu em Santa Maria (RS) e atua com foco no interior do país, avalia que o isolamento social impulsionou uma tendência. Fenômeno que já era sentido no setor e que deve continuar crescendo nos próximos anos, principalmente por conta das transformações nos padrões de consumo. “Mais do que nunca, as pessoas experimentaram a comodidade de pedir comida em casa e o serviço se tornou ainda mais presente na vida delas”, diz.
Para 2022, o Instituto Foodservice Brasil prevê um crescimento de 5% em gastos no setor de alimentação fora do lar. Hoje, o delivery é responsável por mais da metade do faturamento em 56% dos comércios que passaram a utilizar o serviço durante a pandemia, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e VR Benefícios.
Apesar da expansão nos últimos anos, de acordo com Judacheski, a penetração do delivery no mercado brasileiro ainda é baixa e muitas cidades, principalmente no interior, não possuem uma opção para pedidos online. “Isso faz com que ainda tenhamos um mercado a explorar, levando soluções digitais para estabelecimentos e mais conveniência para o consumidor”, analisa.
Tendências do setor pós-pandemia
O mercado de delivery acompanha a mudança cultural e nos hábitos de consumo dos brasileiros pós-pandemia. Segundo Judacheski, uma das principais dores dos usuários é o tempo de entrega. Por isso, uma das tendências observadas são as entregas ultrarrápidas. “O quick commerce é uma tendência global e representa a próxima geração do e-commerce, que consiste em reduzir cada vez mais a distância entre o momento da compra e o recebimento do produto ou serviço, proporcionando uma nova experiência para o consumidor”, explica.
As dark kitchens, que ganharam força em 2020 e 2021, seguem como tendência para este ano. O modelo de negócio já era adotado por 57,4% das franquias no segundo trimestre de 2021, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Por não contarem com o atendimento presencial ou espaço de consumo no local, possuem um custo mais baixo que os restaurantes tradicionais. O mesmo ocorre com as dark stores, que funcionam como pequenos centros de distribuição, operando apenas para entregas de compras online. Por serem lojas exclusivas para canais digitais, ganham em agilidade desde o recebimento do pedido, preparação e logística, deslocando do ponto A ao ponto B de forma rápida, mas sem perder a qualidade do serviço.
Outra tendência é o investimento em inteligência de dados para a tomada de decisões relacionadas ao consumidor. O uso de dados proporciona um conhecimento mais aprofundado sobre os clientes, como comportamento e hábitos de consumo, o que ajuda na elaboração de experiências personalizadas com redução de custos e maiores resultados. “Saber o que as pessoas de determinada região consomem, quais são os itens mais pedidos e as verticais mais usadas nos aplicativos ajuda os lojistas a pensarem em produtos e serviços específicos para a necessidade do seu cliente”, avalia o CEO.