Com previsão de cerca de 200 novas marcas a serem lançadas este ano, o setor de franquias tem se tornado uma das principais opções de quem quer lançar o próprio negócio. A possibilidade de ter um investimento com grande capacidade de expansão comercial tem se tornado cada vez mais acessível, com opções de franquias com valores a partir de 20 mil reais.
No entanto criar ou assumir um ponto de uma marca já conceituada exige uma série de cuidados. O procedimento é o mesmo para lidar com uma empresa de médio a grande porte, exigindo maturidade do investidor. Especialistas no setor de franquias presentes na ABF Franchising Expo conversaram com o portal Mapa das Franquias e alertaram que, em alguns casos, a pressa para expandir a franquia pode atropelar o fortalecimento da marca.
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising, Ricardo Camargo, o principal capital de uma franquia é a sua marca. “Esse é o fator que inspira a possibilidade de vendas do negócio e que banca a expansão de forma mais rápida ou não. Então é um fator fundamental, a marca da franquia é praticamente tudo”, ressalta Camargo ao alertar para a possibilidade de a marca não sobreviver após a expansão do negócio.
Um dos maiores problemas gerados pela falta de expansão da marca é de pontos de venda que não são sustentáveis, com custos muito mais altos que o retorno do investimento. De acordo com o sócio-investidor da Fantasia (linha de franquias da Disney no Brasil), Alex Cassundé, é preciso ter em mente que o consumidor hoje busca uma marca. “Os consumidores hoje querem marcas, (sem um investimento na marca) os franqueados não terão volume de vendas para um crescimento sólido”, alerta.
A Fantasia é um exemplo de caso de forte expansão física em pouco tempo. Foram 40 operações em todo o Brasil em apenas três anos, impulsionados sobretudo pela força dos produtos licenciados da Disney, marca consolidada nacionalmente e internacionalmente.
No entanto, Cassundé conta que para conseguir bons resultados em um curto período de tempo foi preciso ter um trabalho de marca mesmo com a credibilidade dos produtos Disney. “Fomos importadores de produtos licenciados Disney, e para consolidar a marca com produtos exclusivos foi necessário ter volume para importação”, conta.
Cassundé lembra ainda que o crescimento da marca e a expansão do negócio devem andar lado a lado e que “no crescimento você vai trabalhando a marca”. O diretor da ABF, Ricardo Camargo, concorda. Segundo ele, as duas coisas devem ser feitas de forma conjugada.
“Lógico que quando você faz um trabalho de marca você tem que ter outras preocupações como inovação, ferramentas de gestão, escolha de franqueados e pontos comerciais. Todos estes fatores precisam ser conjugados, mas se não houver um trabalho forte de marca você não tem resultado”, destaca.
A partir da conversa com franqueadores, o Mapa das Franquias separou cinco dicas voltadas para quem está pensando em abrir ou expandir o negócio e precisa fortalecer a própria marca. Confira:
Ter garantia de bons serviços e produtos
Segundo Camargo, não adianta fazer muita propaganda de um produto que é ruim. É fundamental o investimento na estrutura do negócio e no produto que será oferecido, o que consequentemente gera um custo maior. Uma solução quase inevitável é contar com bons consultores.
“O franqueador tem que estar preparado para os custos de manuais de treinamento, de um sistema contábil bem desenvolvido, de um sistema de recrutamento bem desenvolvido… São várias metodologias que não são simples de se desenvolver. Você tem que fazer uso de consultores”, destaca.
Se expor
Um segundo fator fundamental para a expansão de uma marca é investir na presença em forma de marketing e publicidade. É fundamental um bom trabalho na área de assessoria de comunicação e marketing, focado em um público-alvo e sobretudo no comércio e em feiras do setor para mostrar seus produtos e serviços.
“Não tem sentido uma marca querer se expandir e não estar numa feira como a ABF Expo Franchising, que é a maior feira de franquias do mundo.Uma das formas de expandir uma marca é estar em grandes feiras de franquias e esta feira é um exemplo”, indica Camargo.
Ter unidades iniciais
O diretor-executivo da ABF sugere que um franqueador conte com cerca de quatro unidades iniciais da sua marca para só então iniciar uma expansão na forma de franquia.
“Esse é um número para que ele possa ter uma certa rentabilidade para propiciar o desenvolvimento do seu negócio”.
Selecionar bem os franqueados
Um outro requisito fundamental é selecionar franqueados que tenham o perfil da marca para dar seguimento ao ponto que será adquirido, evitando fechamentos constantes. Para Alex Cassundé, o franqueado ideal é aquele que vai atender as necessidades do negócio no momento atual e nos próximos anos, estando preparado para acompanhar a evolução da marca.
“Um franqueador tem que tomar cuidado com candidatos que acham que é só abrir a franquia e ficar esperando em casa, a franquia é como qualquer outro negocio, precisa de muito trabalho”, alerta.
Testar o negócio
Alex Cassundé ressalta que antes de colocar uma marca no mercado, o franqueador deve testar o produto e ver suas reais possibilidades de negócio.
“Um produto não pode ser colocado no mercado só porque se acha que será um bom negócio. Infelizmente hoje tem algumas franquias nessa situação”, avalia.
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