O setor de alimentação fora do lar no Brasil deve movimentar R$ 241 bilhões em 2025, com crescimento estimado de 6,25%, segundo projeções do Instituto Food Service Brasil (IFB). No segundo trimestre de 2025, o segmento registrou o maior faturamento da história (R$ 62,4 bilhões), impulsionado pelo canal de delivery, que foi o único a mostrar crescimento (+11% em relação a 2024).
Dentro desse contexto macro, o delivery já representa uma fatia relevante no faturamento dos restaurantes. Pesquisa da Abrasel aponta que os marketplaces respondem por 54% do faturamento com delivery, seguidos por WhatsApp com 26%. Há ainda avaliações de que o delivery chega a responder por até 30% do faturamento de alguns estabelecimentos.
Mas há um ponto que pouco se discute: o delivery não é neutro. Ele é mediado por algoritmos que decidem quem aparece primeiro, quais promoções são vistas, qual restaurante ganha relevância. E esses algoritmos não almoçam, eles priorizam métricas, não relacionamentos.
Na prática, isso impõe um dilema para os restaurantes. Para garantir visibilidade, é preciso investir em campanhas pagas, aderir a promoções agressivas e aceitar comissões. É uma corrida que favorece quem tem fôlego financeiro e pode comprometer a identidade de cada marca.
Essa lógica padronizada pressiona todos, mas impacta de forma desigual: grandes redes conseguem absorver melhor a exigência, enquanto pequenos empreendedores ficam mais vulneráveis. O resultado? A conexão direta com o cliente, construída em décadas de atendimento, cultura de marca e experiência, corre o risco de ser diluída em meio a listas de opções genéricas, em que a relação passa a ser mediada mais pela plataforma — no caso, pelo algoritmo — do que pelo restaurante.
O desafio, portanto, é encontrar um ponto de equilíbrio em que o cliente conheça o restaurante e não apenas uma lista de opções. As plataformas de entrega são parte inevitável do ecossistema, mas devem conviver com estratégias próprias de relacionamento: canais diretos, programas de fidelidade, comunicação personalizada e CRM. O consumidor quer conveniência, mas também deseja ser reconhecido, quer sentir que está consumindo de um restaurante, e não apenas de um app.
Os restaurantes precisam participar desse debate, hoje entregue aos poderosos orçamentos de marketing das plataformas. A disputa pelo delivery não pode se limitar ao alcance tecnológico: precisa ser também sobre como preservar a identidade das marcas e garantir diversidade no setor em um ambiente cada vez mais mediado por algoritmos. O Giraffas é parte ativa dessa conversa, buscando caminhos que equilibrem crescimento e essência.






