Opção atraente para quem está em busca de abrir uma unidade de franquia em shopping, os quiosques costumam ter preços mais baratos que de lojas fixas, mas com algumas inconveniências que precisam ser levadas em consideração antes de abrir uma nova unidade.
A diretora geral do Grupo Bittencourt, que presta consultoria empresarial nas áreas de Desenvolvimento e Expansão de Redes de Franquias e Negócios, Claudia Bittencourt, explica que os quiosques são uma boa opção para quem quer testar uma linha de produtos ou um pequeno negócio, mas que cada caso deve ser estudado, passando pelo bom e velho estudo de viabilidade.
“Como qualquer outro negócio, a abertura de uma franquia em quiosque precisa de um estudo de viabilidade. A falta desse estudo é a principal causa da elevada mortalidade de empresas nos seus dez primeiros anos de existência”, explica a consultora ao destacar que alguns negócios precisam de espaço para a exposição e experimentação de produtos e acabam não sendo tão atraentes para um quiosque.
Exemplo de negócio bem adaptado ao modelo de quiosques, a rede especializada em amendoins, castanhas, nozes, amêndoas, avelãs torrados Nutty Bavarian opera exclusivamente com quiosques. Os pontos respondem a dois padrões de apresentação e tamanho: Standard (taxa de franquia a partir de R$ 80 mil reais) e Premium (taxa de franquia de R$ 85 mil reais), mas ainda assim, a diretora-executiva da Nutty Bavarian, Adriana Auriemo, destaca que o espaço reduzido é uma das dificuldades a serem levadas em consideração na hora de colocar uma marca em um quiosque.
“Você tem que pensar muito bem no produto que você vai colocar dentro de um quiosque. O espaço dele é pequeno, bem menor que o de uma loja, então não dá pra ter um mix muito grande de produtos, o que é uma dificuldade no espaço pra estoque, pra operar, pra divulgar, pra material promocional, a gente está sempre quebrando a cabeça sobre como é que a gente vai comunicar o produto de uma maneira rápida”, explica Auriemo.
A executiva destaca ainda que, “embora não seja um aluguel tão absurdo, por metro quadrado é bem mais caro que o de uma loja”. Claudia Bittencourt, diretora geral da Consultoria Bittencourt, explica que um quiosque de shopping pode sair tão caro quanto uma loja fixa, com preços que podem chegar a até R$ 300 mil dependendo do shopping e do ponto onde vai ser fixado o novo ponto comercial.
Outro ponto a ser levado em consideração lembrado por Bittencourt é o fato de que os shoppings podem alterar a localização do quiosque a qualquer momento. “Os shoppings não fazem contratos de longo prazo e por isso podem solicitar o ponto de acordo com a própria conveniência. Ou seja, a garantia do empresário sobre a exploração do negócio em um quiosque pode ficar comprometida”, lembra a consultora.
Adriana Auriemo, da rede Nutty Bavarian, conta que já teve problemas com mudanças repentinas de localização. A diretora-geral da rede conta que em um determinado ano, teve uma de suas unidades removida de um espaço privilegiado do shopping para dar espaço à decoração de natal. O papai noel, claro, ficaria exatamente onde se localizava o quiosque.
“Tivemos que ir para outro andar e o outro andar não vendia nem de perto o que se vendia naquele. São coisas que acontecem, mas a gente vai tentando lidar e nisso construir um bom relacionamento com os shopping centers, com os aeroportos, com os lugares onde a gente está”, destaca a empresária que vê na boa relação com os shoppings um ponto fundamental para manter um quiosque.
“O bom relacionamento é essencial, eu falo para os meus franqueados que é onde eles têm que se dedicar mais. E isso não quer dizer que tem que ser amiguinho ou puxar saco. Isso quer dizer que ele tem que trabalhar direito e não dar problema para o shopping”, destaca Auriemo.
Já Bittencourt vai além e alerta que os shoppings costumam manter um quiosque enquanto ele colabora para atrair público e valorizar aquele ponto. Se isso não ocorre, ele pode encerrar o contrato a qualquer momento.
“Por isso é importante avaliar com cuidado e estrategicamente qual o objetivo com o quiosque, que tipos de produtos e quanto tempo de operação leva para o negócio se rentabilizar. Nesse sentido, um estudo de viabilidade inicial e a análise criteriosa das condições de contrato com o shopping são fundamentais”, ressalta.
Ela cita exemplos de negócios que começaram com operação em quiosques e depois evoluíram para lojas, algumas mantendo no mesmo shopping loja e quiosque, em pisos diferentes.
“Algumas marcas exploram muito bem modelos menores em formato de quiosques, mas tudo é consequência de um estudo de viabilidade e de pesquisa de mercado e comportamento do público alvo antes de se tomar a decisão estratégica de que modelo, formato e localização deve ser instalado o negócio”. aconselha a consultora.
Loja, ter ou não ter?
No caso da Nutty Bavarian, Auriemo destaca que a experiência de quase 10 anos no mercado como quiosque aponta que o modelo é voltado para “produtos específicos, e para situações específicas”, e que apesar do uso do quiosque para lançamentos ou ações pontuais de marketing, o comportamento do cliente acaba sendo muito distinto do de uma loja.
“O que a gente vê é que são comportamentos diferentes. Numa loja, geralmente o cliente está com mais tempo para escolher, procurar, pesquisar. No quiosque não, tem que ser uma operação rápida”, explica Auriemo ao destacar que os quiosques são ideias para operações mais rápidas, de consumo por impulso e imediato.
“Eu acredito que o quiosque só funciona com produtos de venda por impulso. Não há espaço físico para você expor muita coisa e quando você fala de produtos com compras por impulso tem que ser uma venda muito rápida” destaca.
A empresária fala com a experiência de quem já teve uma loja física entre suas fraqueadas: uma loja modelo criada a título de experiência, mas que fechou em seguida por conta do elevado custo.
“A gente achou que não era a hora, puxamos o freio e voltamos a trabalhar novamente com os quiosques”, conta a executiva de olho no futuro para retomar o plano no momento mais oportuno. De acordo com Auriemo, atualmente 95% das vendas da rede são para consumo imediato, embora o produto tenha potencial e uma boa apresentação para ser armazenado em casa.
“Ele não mela, não derrete, não estraga, ele pode ser consumido até dois três meses depois de adquirido. Ainda temos o projeto de abrir uma loja, mas como ainda estamos com bastante oportunidade com quiosque, o nosso foco ainda são eles.”, ressalta.
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