Quando começou a trabalhar aos 7 anos de idade, vendendo picolés sob o sol de Santarém (PA), Darlan Almeida não imaginava que chegaria onde está hoje. O dono da franquia Casa do Celular, que hoje conta com mais de 130 lojas espalhadas por 22 estados brasileiros começou seus negócios do zero e coleciona falências e decepções amargadas ao longo dos anos: foram sete no total. “Mesmo nos piores momentos, nunca pensei em desistir. Meu lema é: o destemido faz a sua sorte”, acredita ele.
E a sorte realmente sorriu para ele, mas tudo se deve à sua coragem e a persistência. Depois dos tempos do picolé, ele foi reparador de carros, carregou sacola no Mercadão 2000, vendeu chocolate em pontos de ônibus e produziu cartolina de temperos para distribuir em mercearias em Manaus (AM) – tudo para ajudar a família a superar dificuldades financeiras. Até que uma prima, ao perceber o tino de vendedor do garoto, o convidou para vender relógios em frente à Matriz, como camelô.
Darlan foi bem treinado e começou a se destacar nas vendas, até receber um convite para locução no Varejão 258, uma loja no centro da cidade. “Eu subia em cima da caixa de som e chamava as pessoas. Era bem animado e eu gostava muito do que fazia”, relembra o executivo.
Nessa época, os pais de Darlan se separaram e ele foi morar com sua mãe e seus cinco irmãos em um mercadinho. Conforme ele explica, não era bem uma casa, mas sim um quiosque onde metade era a lanchonete da sua mãe e do outro lado ficava a residência da família. “O local alagava muito. Não faltava comida, mas era uma realidade triste e eu queria mudá-la”, diz ele.
Apesar da pouca idade, Darlan conseguiu alguns empregos fixos, mas o salário deixava a desejar. “O pouco que eu recebia não era suficiente. Logo, comecei a desempenhar atividades paralelas e passei a conciliá-las com meu trabalho”. Ele revela que investia na compra e venda de celulares usados, levava-os para a assistência e os comercializava. De tanto observar como eram feitos os reparos, ele mesmo aprendeu a fazer a manutenção.
Com o passar do tempo, o empresário percebeu que essa atividade proporcionava mais retorno que seu emprego. Aos 16 anos, decidiu então alugar um espaço em Santarém para prestar assistência técnica, batizando a loja de Darlan Celulares. “Foi um sucesso. Eu era pioneiro no município e a demanda era grande. Entretanto, eu não tinha maturidade suficiente para administrar uma loja e a empresa faliu”, conta. Em nova tentativa, ele decidiu ministrar aulas sobre assistência técnica, mas novamente não obteve êxito.
Darlan então abriu outra loja, chamada Concel Celulares, que também faliu com o tempo. Nesse período, estavam surgindo muitos concorrentes e ele não sabia lidar com a situação.
Incansável, o corajoso empreendedor abriu a terceira loja ainda em Santarém, que também não deu certo. Segundo ele, foi um momento de muitas dificuldades financeiras e dívidas ocasionadas principalmente pela falta de conhecimento administrativo.
Mesmo com tantos empecilhos, Darlan decidiu empreender mais uma vez. “Tudo que eu tinha era um celular. Comprei mercadorias, capas e acessórios para celular em boletos. Dei meu celular para pintar a frente da loja, comprei máquinas de solda com cheques de uma prima que confiava no novo projeto. Também sempre contei com o apoio motivacional e confiança de minha mãe, Angélica, que sempre incentivou a correr atrás de meus sonhos e a nunca desistir. Assim consegui inaugurar a Casa do Celular”, diz o empresário.
No primeiro mês, seu irmão Júnior Almeida, co-fundador da Casa do Celular, cuidava dos atendimentos no balcão enquanto Darlan Almeida se encarregava da assistência e auxiliava no atendimento. O lucro da loja foi de R﹩10 mil – suficiente para colocar todas as contas da loja em dia e começar a pagar as dívidas atrasadas. Com a ajuda de seus irmãos Darlivan, Júnior Almeida e Izaura, o executivo abriu mais três lojas na cidade.
Em um empreendimento mais ousado, e observando as mudanças no cenário local, Darlan, decide então expandir para outro lugar, escolhendo Macapá (AM) como novo desafio. Depois disso, Darlan deu início ao seu plano de fazer da Casa do Celular uma franquia. A primeira loja neste modelo foi aberta em Fortaleza (CE). De lá para cá, a franquia vem aumentando de tamanho em ritmo vertiginoso, alcançando um crescimento exponencial ao longo tempo). A previsão é que, em 2021, a franquia chegue a 300 lojas em todo o país.
“Sempre corri atrás dos meus sonhos e, mesmo tendo caído diante dos problemas, nunca deixei de me reerguer”, pondera Darlan Almeida. Hoje, o empreendedor tem como meta a expansão internacional e a entrada no mercado de fabricantes de telefonia celular, com a marca Brasiltec. De acordo com ele, os dois projetos já saíram do papel e estão sendo executados.
A trajetória de Darlan Almeida inspira os novos empreendedores a buscar seu sucesso. “O Brasil é um país de oportunidades. Cabe a cada um correr atrás de seus sonhos e jamais desistir. Pense positivo, seja cauteloso e, acima de tudo, destemido”, finaliza o empresário.