Nosso país enfrenta recessão, com fechamento de mais de 100 mil lojas. O setor do varejo apresenta seu pior desempenho nos últimos 15 anos. A previsão é de que nosso PIB recue 3,5% em 2016, de acordo com o FMI. Dá para ficar animado com essa cenário? E investir em franquia, é possível?
Conversamos com Marcus Rizzo, um dos fundadores da Associação Brasileira de Franquias (ABF), administrador de empresas especializado na estruturação de organizações franqueadoras e suas redes de franquias. Com experiência em mais de cem organizações nacionais e multinacionais, ele é também é um dos sócios da consultoria Rizzo Franchise.
Afinal de contas, dá para navegar em meio à tempestade?
Mapa das franquias: Com a desaceleração da economia as vendas caíram e os custos subiram. Como as franqueadoras estão revendo os valores de capital de giro? Houve aumento? Se sim, de quanto? Se não, como fica o franqueado: trabalha com a realidade ou acredita no franqueador?
Marcus Rizzo: Economia rolando escada abaixo faz clientes desaparecem, por sua vez as receitas caem e despesas permanecem intactas.
Se você possui uma franquia de Negócio Formatado (quando o franqueador não é o fornecedor de produtos e serviços) terá um problema bem menor. O franqueador estará ao seu lado para renegociar com fornecedores, locadores e outros a melhor forma de adquirir insumos em valores que estabilizam o seu negócio. Neste caso o franqueador estará constantemente preocupado com o seu CMV (custo da mercadoria vendida), sempre preocupado com suas receitas que é daí que ele tira os royalties.
Mas, se você estiver em uma franquia de Marca & Produto (quando o franqueador é o único fornecedor ou mesmo quando ele é comissionado pelo seu consumo) certamente terá grandes problemas, especialmente neste momento. Seu franqueador está ao lado de suas compras e não tem nenhum interesse em reduzir seus custos de aquisição pois, quanto mais você compra mais ele ganha.
Quem mais subirá a bordo?
Mapa das franquias: Está mais difícil obter novos franqueados?
Marcus Rizzo: Bons franqueadores neste momento estão mais seletivos na escolha de seus franqueados e, principalmente restritivos quanto a novos locais para instalarem suas franquias. Em locais recentes onde havia fartura de consumidores agora estão escassos de tal forma que não conseguem garantir consumo que sustente o negócio.
Sem alterar o modelo de negócio (alterando tamanhos para pequeno, micro e outros) para não perderem seu posicionamento junto ao consumidor, estão avidamente reduzindo custos e despesas de suas franquias.
E quem se salva na tempestade?
Mapa das franquias: Quais os setores mais afetados pela crise? Quais os que mais se preservaram e por quê?
Marcus Rizzo: Do lado das franquias e seus franqueados todos estão sendo diretamente atingidos pela queda de vendas. Franqueadores por sua vez, contrário a crise, terão um significativo aumento de busca por suas franquias. Nestes momentos as franquias crescem por oferecem um porto seguro para aqueles que tem no negócio próprio a sua única alternativa.
Nestes momentos difíceis crescerá muito a zona de conflito entre franqueador e franqueados das operações de Marca & Produto, com franqueados se organizando para pressionarem franqueadores que empurram produtos para a rede. Por exemplo – franquias do setor Vestuário e do setor Acessórios que regularmente impõem cotas de compras terão forte reação de seus franqueados querendo fornecedores alternativos com custo adequado ao negócio.
Mapa das franquias: Em qual setor ainda vale a pena investir, mesmo em meio à crise? E que tipo de franquia tende a se recuperar mais rápido numa eventual retomada da economia?
Marcus Rizzo: Em todos, desde que você encontre um negócio com o qual terá forte identificação e total envolvimento.
Busque franqueadores que possuem processos de compras cooperadas que lhe ajudará muito a controlar custos e, principalmente aqueles que possuam forte conhecimento em localização e que possam garantir que o negócio foi instalado no local onde estão os consumidores.
Continue remando – e evite demitir!
Mapa das franquias: Que conselhos daria para quem está vivendo toda essa crise e pensando em abandonar o barco? Que medidas devem ser tomadas para atravessar essa tempestade?
Não abandone o barco de forma alguma. Na tempestade o barco é sua única salvação, mas tome medidas com o apoio de seu franqueador:
– Não se acomode e corra atrás de clientes;
– Reduza seus custos, principalmente os pequenos que são como o mosquito “aedes aegypti” – pequenos, mas mortais;
– Renegocie sua locação, peça carência – alguns meses podem ser definitivos para você alinhar o barco;
– Avalie com seu contador as possibilidades de reduzir a carga fiscal;
– Evite demissões de pessoal pois os encargos são mortais, negocie redução salarial, corte horas extras, reduza o salário fixo compensando com o variável por resultados.
– Em shopping, junte-se com outros lojistas e obrigue a administração a abrir as contas de condomínio – hoje o condomínio e taxas de shopping pesam mais do que o aluguel.
E vá em frente!
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