Parcela de empresários do varejo com estoques altos volta a subir em setembro, aponta FecomercioSP

O Índice de Estoques (IE) do comércio varejista paulistano caiu pelo quinto mês consecutivo ao passar de 104,8 pontos em agosto para 104,2 em setembro, queda de 0,6%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o IE registrou retração de 5,8%.

Os dados são levantados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e captam a percepção dos varejistas sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas, variando de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.

De acordo com a assessoria econômica da Entidade, embora a queda tenha sido pequena, ela ocorreu por conta do aumento na parcela de empresários com estoques acima do desejado, compensada pela queda dos que consideram seus estoques abaixo do adequado. Essa compensação de um subíndice subindo e outro caindo, eventualmente, é positiva (principalmente quando caem estoques acima do desejado e sobem os que estão abaixo). No entanto, neste momento, o que se vê é um indicador que não consegue manter uma sequência mais robusta de sucessivas quedas na proporção de empresários com estoques elevados além do que seria razoável.

No nono mês do ano, 52% dos empresários consideraram seus estoques adequados, praticamente estável em relação ao mês anterior e 3,3 pontos porcentuais (p.p.) abaixo do apurado em setembro de 2017. A proporção de empresários que declarou ter excesso de mercadorias nas prateleiras subiu 1,1 p.p. na comparação mensal para 33,3%. A que considera ter estoques baixos recuou 0,8 p.p. para 14,4%. Para a Federação, esses números ainda não são bons, considerando uma média 60% de adequação no período pré-crise e apenas 25% com estoques acima do adequado.

Segundo a FecomercioSP, o IE contempla um quadro de ritmo reduzido de atividade econômica e de dificuldade de se cristalizar um processo de recuperação mais vigorosa e contínua. Para que os estoques elevados caiam ao patamar histórico de 25% – o que não tem sido fácil – é preciso reduzir significativamente o ambiente de incertezas, mas isso não ocorrerá antes da definição eleitoral.

Para a Entidade, apenas passados três importantes períodos para o País – as eleições, o período entre as eleições e a posse – é que esse cenário poderá ser revertido. Até lá, os projetos de investir e empregar, pelo lado dos empresários, e de voltar a consumir, pelo lado dos consumidores, não estarão no seu potencial máximo, e é do acordo entre empresários investindo e empregando e consumidores comprando que se poderá observar a redução efetiva dos estoques.

Nota metodológica

O Índice de Estoques (IE) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde junho de 2011 com dados de cerca de 600 empresários do comércio no município de São Paulo. O indicador vai de zero a 200 pontos, representando, respectivamente, inadequação total e adequação total. Em análise interna dos números do índice, é possível identificar a percepção dos pesquisados relacionada à inadequação de estoques para “acima” (quando há a sensação de excesso de mercadorias) e para “abaixo” (em casos de os empresários avaliarem falta de itens disponíveis para suprir a demanda em curto prazo). A pesquisa é referente ao município de São Paulo, mas sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.