Mercado de franquias se adequa a novos perfis de investidores

O avanço de novas tecnologias ao longo dos últimos anos foi tão avassalador que mudou radicalmente todos os aspectos de nossa sociedade: como nos relacionamos, conversamos, como vemos o mundo. Quem muito contribui para isso é a internet – seu surgimento é um ponto de virada para entendermos e acompanharmos o mundo tal qual ele é atualmente.

Além de trazer mudanças irreversíveis, a internet trouxe consigo uma legião de pessoas que já nasceu dentro da transformação digital: conhecida como geração Y ou millennials, esses indivíduos foram criados no âmbito da internet e do mundo globalizado e, por conta disso, estão conectados 24 horas por dia, conseguem absorver rapidamente novas ferramentas tecnológicas, assim como são capazes de alterar as formas de trabalho e consumo. Aliás, o mercado já sente o impacto da presença cada vez maior dessa geração.

Segundo uma pesquisa realizada pela Engarde, a geração Y é composta por aqueles nascidos entre 1980 e 1995 (as datas diferem e alguns estudiosos também consideram os nascidos até os anos 2000). Nos Estados Unidos, os millennials são responsáveis por US$1,3 trilhões gastos anualmente, o que equivale a 20% do total gasto pelos americanos.

“É uma geração que gasta mais do que poupa, os ideais são diferentes daqueles semeados por nossos pais e avós”, explica Marcelo Salomão, diretor executivo da Gigatron Franchising, rede desenvolvedora de softwares para empresas que atuam no varejo. “Enquanto as gerações anteriores estavam preocupadas com estabilidade financeira e bens físicos, como ter uma casa, por exemplo, os millennials são mais desapegados e querem acumular experiências invés de bens materiais”.

Apesar de maior parte da geração Y estar inserida no mercado de trabalho, muitos ainda dependem financeiramente dos pais (mesmo que parcialmente): é uma geração que demora mais para sair de casa, mas que valoriza a própria independência. “O mercado precisou se adaptar a essa geração: quantas pessoas jovens você conhece hoje que querem ficar no mesmo trabalho uma vida toda? Isso era o normal no tempo dos nossos pais, algo até desejado. A geração Y não se contenta com a mesmice e busca por uma renovação constante. É claro que eles querem estabilidade, mas essa estabilidade tem que condizer com seus ideais”, diz Salomão.

O millennial faz parte da mão de obra, mas à sua maneira: a possibilidade de trabalhar remotamente é algo ambicionado por essa geração, assim como ter flexibilidade nas horas de trabalho, ou seja, gostam de trabalhar de forma independente.

Empreendedor nato

Renan Ferraz Souza é o retrato dessa geração: com apenas 24 anos viu que o mercado tradicional não seria suficiente para suas ambições e resolveu investir no próprio negócio. “Acredito que é a única maneira de se ter liberdade e conquistar alvos e objetivos. Empreender não tem limite, não tem teto, há infinitas possibilidades. Tudo depende da sua ambição, trabalho duro, foco e força de vontade”, diz o empresário.

Pensando nisso, Renan abriu uma unidade da Gigatron com um amigo, Vinicius Garbim, de 22 anos. “Investimos muitas horas fazendo pesquisa de mercado, e como temos formação na área de tecnologia, gostamos de inovação e da facilidade que ela pode proporcionar para as pessoas. Diante desse nosso perfil e do destaque que a Gigatron possui no franchising a escolha se tornou mais fácil”, explica Souza.

Os amigos estudaram juntos na faculdade e durante cerca de dois anos já analisavam possíveis opções de empreendimentos. “Decidimos procurar por uma franquia que fosse da nossa área e que não tivesse um valor tão alto para adquirir. Escolhemos o mercado de franquias pensando no suporte em todas as áreas que poderíamos receber, tanto da franqueadora como através do networking com outros franqueados”.

Formado em Redes de Computadores pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, com diploma técnico em informática pelo mesmo instituto, Renan possui uma longa história com a área. “Na escola eu não gostava muito de informática, as notas não eram as mais elevadas no curso. Mas com o passar do tempo fui pegando jeito e, através de muita persistência, hoje atuo na área tecnológica. Até aqui a trajetória foi de muito aprendizado e sei que é só o começo, há muito a aprender, empreender e conquistar”.

Apesar da pouca idade, Renan já atuou no mercado de tecnologia da informação em empresas privadas e em um órgão estadual do governo. Hoje ele trabalha unicamente com a franquia, mas mantém uma rotina diária de estudos com a finalidade de lançar, em breve, um produto digital de sua autoria.

Adequações

Marcelo Salomão acredita que a cultura, o mercado e todos os aspectos do nosso cotidiano se adequam à medida em que a sociedade se desenvolve: “Especialmente o mercado, é o primeiro a acomodar novas estruturas. E no franchising não é diferente: a Gigatron quer, cada vez mais, adequar os modelos de negócio para receber investimentos do público mais jovem, disposto a arriscar mais e conhecer novas oportunidades”.

A Gigatron se adequou justamente a perfis como o de Renan: apesar do alto comprometimento com o trabalho, o empresário é livre e quer ter mais tempo evoluindo com o próprio negócio do que cumprindo horário dentro de um escritório, por exemplo. Por isso, optou pela modalidade home office, vantajoso não só pela comodidade como também pela economia: “Dá pra economizar bastante e evitar gastos que uma loja física geraria”, explica.

Ao todo, Renan e Vinicius investiram R$16 mil na unidade de Pontes e Lacerda, no Mato Grosso. Ainda na fase inicial, a unidade presta serviços de assistência técnica em computadores e redes. Na visão dos sócios, o mercado de tecnologia mato-grossense ainda é um campo a ser explorado: “Se compararmos o mercado local com as cidades da região sudeste, por exemplo, tendo em vista que estamos numa cidade do interior voltada ao agronegócio, ainda temos um grande caminho a percorrer. Mas nada que um trabalho educacional bem feito sobre as vantagens desses serviços com seus resultados práticos não resolva”, diz o empresário.

Apesar da competitividade do mercado tecnológico, os sócios estão esperançosos com o futuro da unidade: “O apoio de pessoas que já trilharam o caminho do sucesso sem dúvida vai nos ajudar bastante para nos estabilizarmos e adquirirmos experiência”. Até o final do ano eles esperam faturar R$126.800,00 com a franquia.