Em setembro, vendas do varejo paulista crescem 2,2% em relação ao mesmo período de 2015

Pelo quarto mês consecutivo, o faturamento real do comércio varejista paulista apresentou crescimento na comparação interanual. Em setembro, as vendas do setor cresceram 2,2% em relação ao mesmo mês de 2015 e alcançaram R$ 47 bilhões. Foi o quarto menor resultado para o mês de setembro desde o início da série histórica em 2008. No acumulado do ano, porém, houve retração de 0,7% e em 12 meses, a queda foi de 2,8%.

Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).

Apenas três das 16 regiões analisadas pela Federação apresentaram retração no faturamento em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os piores desempenhos foram registrados pelo varejo das regiões de Osasco (-12,3%), São José do Rio Preto (-1,9%) e Bauru (-1,2%). Já os melhores resultados foram observados nas regiões de Araraquara (8,3%), ABCD (6,2%) e Sorocaba (6,2%).

Das nove atividades pesquisadas, quatro mostraram aumento em seu faturamento real em setembro: farmácias e perfumarias (12,1%), outras atividades (5,9%), autopeças e acessórios (5,3%) e supermercados (5,2%) que, juntas, contribuíram com 3,9 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral.

Os setores de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-14,6%), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-4,8%), lojas de móveis e decoração (-4,6%), concessionárias de veículos (-0,3%) e materiais de construção (-0,3%) registraram retração nas vendas, resultando em uma pressão negativa de 1,7 p.p..

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, o varejo ainda enfrenta um cenário econômico bastante desafiador: a renda permanece em queda, resultado de uma taxa crescente de desemprego em meio a um ritmo muito lento da atividade econômica. O único alento em meio a essa conjuntura, para a Entidade, continua sendo a melhoria da confiança dos consumidores o que, por si só, infelizmente, não é suficiente para sustentar uma retomada significativa do nível atual de consumo.

Expectativa
De acordo com a FecomercioSP, não restam dúvidas que a atual crise econômica em que se encontra o País é de uma gravidade e complexidade profundas, o que vai exigir ações muito incisivas para seu enfrentamento e tempo prolongado para ser resolvida. A queda dos juros básicos já em curso poderá representar um estímulo relativo sobre o nível de investimentos, a variável-chave para recuperação do ritmo de crescimento. Mas, segundo a Federação, trata-se de uma variável de longo prazo de maturação. Neste sentido, a aprovação de medidas de controle dos gastos públicos é imperativa, dada a deterioração das contas do governo e o impacto que provoca sobre a credibilidade do País para os investidores internos e externos.

Essa conjuntura de grandes obstáculos não permite traçar cenários otimistas para o comércio paulista, tanto para o final de 2016 como para o próximo ano, que ainda deverá apresentar um nível de vendas muito contraído, segundo a FecomercioSP. Enquanto não houver reações claras no ritmo do emprego e da renda não se devem aguardar resultados significativos no consumo. Dessa forma, a Entidade estima que ao final de 2016 o varejo mostre crescimento zero em seu faturamento real acumulado e que esse ritmo se repita em 2017.

Varejo paulistano
As vendas do comércio varejista da capital paulista atingiram R$ 14,9 bilhões em setembro, crescimento de 4,2% na comparação com o mesmo mês de 2015. Apesar da recuperação, nos nove meses acumulados do ano o varejo paulistano ainda apresenta queda de 0,5%, e no acumulado dos últimos 12 meses, retração de 2%.

Entre as nove atividades analisadas, seis apresentaram crescimento em setembro na comparação com o mesmo mês de 2015: autopeças e acessórios (15%), farmácias e perfumarias (12,8%), materiais de construção (10,9%), outras atividades (8,7%), supermercados (8,2%) e concessionárias de veículos (0,4%). No conjunto, esses índices contribuíram positivamente com 6,1 pontos porcentuais (p.p.) para o resultado geral.

No sentido inverso, as quedas foram observadas nas atividades de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-15%), lojas de vestuário, tecidos e calçados (-7,1%) e lojas de móveis e decoração (-3,7%), resultando em uma pressão negativa de 1,9 p.p..

De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, a exemplo do ocorrido em agosto, o crescimento das vendas em outros segmentos do comércio, além de supermercados e das farmácias, foi decisivo para obtenção desses bons índices positivos gerais na capital paulista em setembro. Os supermercados continuam sendo decisivos para o recente ciclo de crescimento mensal no segundo semestre de 2016 e a expectativa, segundo a Entidade, é de que o setor encerre o ano com aumento acumulado nas vendas reais acima de 6%, como o melhor desempenho do ano na capital.

Porém, o resultado geral, pondera a Federação, não deverá mostrar crescimento, devendo ser próximo à zero, a exemplo da estimativa para o varejo do Estado. A Capital também sofre com o impacto de uma crise econômica profunda e de difícil reversão no curto prazo, fazendo com que a renda e o emprego permaneçam contraídos, impedindo uma reversão consistente do ciclo recessivo do comércio paulistano.

Nota metodológica
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV) utiliza dados da receita mensal informados pelas empresas varejistas ao governo paulista por meio de um convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

As informações, segmentadas em 16 Delegacias Regionais Tributárias da Secretaria, englobam todos os municípios paulistas e nove setores (autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de eletrodomésticos e eletrônicos e lojas de departamentos; lojas de móveis e decoração; lojas de vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados; e outras atividades).

Os dados brutos são tratados tecnicamente de forma a se apurar o valor real das vendas em cada atividade e o seu volume total em cada região. Após a consolidação dessas informações, são obtidos os resultados de desempenho de todo o Estado.

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