De olho nos índices

Como seria bom prever o futuro. Mas você não precisa de uma mãe Dinah nem de uma bola de cristal para ter certa (eu disse “certa”, não total) previsibilidade e planejar os próximos passos de sua franquia.

Conversamos com Luis Henrique Stockler , sócio-fundador da ba}STOCKLER, consultoria em franquias e negócios, e responsável pela elaboração de estratégias empresariais, além de palestrante credenciado na ABF. Stockler nos ajudou a entender como você pode se orientar diante das mudanças de mercado. Confira.

Mapa das Franquias: Por que os números de crescimento do setor de franquias nunca descontam a inflação? É possível fazer esse cálculo antes de investir? Como?

Luis Henrique Stockler: Numa época passada, existiam outros índices indexados (OTN, ORTN), e a inflação era de 1000% ao ano, os cálculos e base de qualquer negócio/país era através dos indicadores e, não, por base da moeda.

O Brasil viveu muitos anos com a moeda relativamente estável e o brasileiro, com muito sacrifício, conseguiu deixar pra trás a cultura da inflação. Por isso, quando se trata de crescimento, fala-se em números absolutos – o número pelo próprio número.

Indexar significa fomentar a cultura da inflação e é um retrocesso cultural de trabalho para a sociedade (apesar de ser em torno disso).

Mapa das Franquias:  Que indicadores posso utilizar antes de investir para tentar prever o comportamento futuro do setor?

Luis Henrique Stockler: Existem vários indicadores, que variam de acordo com o segmento.

Alimentos, por exemplo, devem se basear no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto o de alugueis e atacado, no IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado); enquanto empresários que trabalham com exportação devem usar o dólar.

Cada segmento/negócio tem uma cesta de índices no qual deve se basear (geralmente não é só um). O ideal é o empresário olhar pro seu ramo de atividade e escolher qual o que mais se adequada com sua atuação, considerando aqueles que podem influenciar seu negócio. 

Mapa das Franquias:  Dentro do setor de franquias, que tipo de produto ou serviço tende a ser mais ou menos afetado pela inflação? Por quê?

Luis Henrique Stockler: Todo mundo é afetado pela inflação – infelizmente não é privilegio de poucos. Como em toda economia, a inflação afeta a todos.

Setores que têm características muito ligadas ao consumo (e não a produção), como é o caso do atacado/varejo, são mais afetados pela inflação alta, pois, esta faz com que a população perca seu poder de compra, atingindo fortemente o consumo.

Vale lembrar que, se olhar o comércio todo, as vendas do dia 1 ao dia 20 se mantém estáveis; e entre dia 20 e 30, despencam – é quando o salário acaba. Por isso, a estratégica de vendas e marketing deve considerar isso: ser mais agressiva na primeira quinzena do que na segunda – antecipar o gasto dele (mais promocional).

O que esperar para 2017?

Mapa das Franquias:  Alguns analistas, talvez com otimismo, preveem inflação dentro da meta para 2017. Qual seu parecer? E como esse dado pode ser utilizado para orientar o investidor no próximo ano?

Luis Henrique Stockler: Acredito que a inflação irá sim se manter dentro da meta para o ano que vem mas a indústria ainda está (e estará) com uma capacidade ociosa grande e, as eleições americanas poderão influenciar os investidores e negócios em diversos países.

No Brasil, essa “ressaca” pós-crise ainda vai demorar para passar mas é preciso ter em mente que o pior já passou, olhando com otimismo para o futuro do país e dos negócios, mas com cautela. É o começo da virada. Tem muita gente endividada e, portanto, o consumo não vai bombar de uma hora pra outra. 

Mapa das Franquias:  É possível que uma inflação mais controlada afetar taxas de juros? De que maneira e qual o reflexo possível para franqueados dos mais diversos segmentos?

Luis Henrique Stockler: A inflação controlada faz com que a taxa de juros caia, porque o governo não precisa pagar um “prêmio” tão grande para referenciar a própria dívida, e diminuir a atividade econômica. Isso facilita a venda de vendas financiadas e os investimentos em máquinas, equipamentos e expansão.

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