De office-boy a diretor executivo de uma holding no mercado de franquias

Trabalhador desde os 14 anos de idade, Carlos Alexandre Gomes, de 50 anos, começou sua vida profissional como office-boy. Desde muito cedo batalhou para alcançar seus objetivos e hoje administra o Grupo Empresarial Seleta que possui grandes nomes de redes de franquias como a San Martin Franchising, o Banneg – Banco de Negócios, rede especializada em consórcios e financiamentos e, em breve, deverá entrar em operação a rede Chama o Seu Zé, essa voltada para prestação de serviços em assistência emergencial e pequenos reparos. Todas essas redes têm suas sedes localizadas no interior de São Paulo, em São José do Rio Preto e são microfranquias.

Carlos conta que decidiu investir em microfranquias com o intuito que aqueles que não dispõem de muito capital, mas querem investir em um negócio próprio tivessem a oportunidade de atuar nesse mercado que tem se revelado a cada dia muito promissor. E os números comprovam. A quantidade de redes de microfranquias no país cresceu 45% em três anos, passando de 384, em 2013, para 557, em 2016, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Dados preliminares apontaram que a receita do setor de franchising em 2017 cresceu 8% em comparação com 2016, saltando de R$ 151,2 bilhões para cerca de R$ 163 bilhões. A intenção para 2018 é ampliar o faturamento entre 9% e 10%. Em relação ao número de unidades, a previsão é que tenha havido expansão de 2% no último ano, superando 145 mil pontos de venda. Números esses que auxiliaram no desenvolvimento dos negócios do empresário. 

De pai para filho

Apesar de ter cursado Direito por três anos, sua formação acadêmica se deu na Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto. A graduação veio de encontro com o futuro dos negócios.

Trabalhar com seguros foi quase que uma consequência na vida do empresário. “Meu pai, também Carlos Gomes, era funcionário de uma seguradora e cresceu muito dentro dela, até que decidiu abrir sua própria corretora de seguros em São José do Rio Preto. Acabei seguindo os passos dele desde muito jovem, que sempre se mostrou um grande modelo para mim e para os membros da equipe que estavam com ele”, contou o diretor sobre a escolha do primeiro segmento.

A corretora cresceu e Carlos decidiu se juntar ao seu pai. “Minha mãe tinha uma loja de roupas femininas, confeccionadas por ela própria, que se expandiu muito e se tornou uma fábrica. Com isso, meu pai passou para o meu nome metade da corretora e vendeu a outra metade para um amigo da família, mudando-se para São Paulo”, lembra Gomes. Com o tempo a sociedade se desfez e Carlos junto de Caroline Gouvêa Gomes, até então sua noiva, construiu o que viria a se tornar a San Martin Franchising.

Hoje a San Martin é a segunda maior rede de corretora de seguros do Brasil, presente em quase todos os estados brasileiros, com aproximadamente 300 unidades distribuídas por todo o território nacional. No mercado desde 1995, a empresa se transformou em rede de franquias só em 2014 e desde então, vem compartilhando o know how que adquiriu ao longo do tempo.

Dificuldade nos negócios

Claro que para alcançar todo esse sucesso, Carlos enfrentou alguns obstáculos. E o principal: sem perder a perseverança, já que atuava em um trabalho que lhe dava prazer e ainda tendo ao seu lado a presença da pessoa amada.

“No início dos negócios trabalhamos de forma exemplar, buscamos produtos diferenciados, tentamos criar grupos de pequenos corretores unidos e avançamos alguns passos no sentido de tornar o atendimento personalizado”, lembra o diretor.

No ano de 2005, Caroline estava à frente da corretora enquanto Carlos prestava consultoria para uma rede de franquias, dirigia duas escolas de cursos profissionalizantes, na qual lecionou para alunos, e também atuava na corretora. “Foi uma época bastante exaustiva, porém tivemos pela primeira vez a ideia de franquear o negócio. Sabíamos que a corretora nos mantinha e de longe era o melhor dos negócios que tínhamos. Formata-la como algo replicável e dividir o modus operandi com investidores, parecia algo factível e inteligente a fazer”, conta.

Mas os problemas encontrados pelo casal eram imensos, as regras do mercado segurador e os rigores legais inviabilizaram a ideia. “Depois de muito bater a cabeça e ouvir negativas engavetamos o projeto e a San Martin continuou como uma corretora de seguros convencional”, explica o diretor.

Anos depois, já com o recém-chegado sócio Edinilson Lopes, Carlos foi novamente buscar os caminhos que o fizeram desistir no passado, mesmo que aparentemente nada tivesse mudado, ele fez anotações de impeditivos por escrito e voltou para a corretora onde junto com pessoas de sua confiança estudou formas de viabilizar o negócio. “Tira aqui, põe ali, viaja pra cá, comparece na Comissão de Ética da Classe, consulta a SUSEP, a legislação geral e pronto, elaboramos uma formação perfeita e dentro do que define a legislação”, explica.

Mercado financeiro

No final de 2017, acreditando que poderia melhorar ainda mais os rumos do negócio, começou a transformação da empresa do sócio, em atuação até então na capital de São Paulo desde 2008, a rede Banneg-Banco de Negócios (franquia especializada em consórcios e financiamentos), passou a fazer parte do mercado de franchising, com o intuito de atender à crescente demanda de crédito nacional.

“O Banneg vem ocupar um vácuo que existe no mercado apesar de ter concorrentes bastante parecidos.  Trabalhamos com a representação de diversos bancos e financeiras e podemos agregar muita coisa boa para que os franqueados possam trabalhar.  Inclusive aproveitando nossa experiência com nossas outras marcas”, afirma.

Enquanto para muitos criar uma rede no período em que o Brasil vivenciou uma das suas piores crises políticas/econômicas, os empresários não tiveram medo de se lançar novamente no mercado. Pelo contrário, já que as sua última rede foi lançada em meio ao caos econômico.

De olho em um novo empreendimento

Encontrado o caminho das pedras, o empresário não quer parar por aí. Carlos, que prefere não revelar muitos detalhes, adianta que está apenas aguardando a decisão de um grande parceiro para então dar continuidade no andamento de seu novo projeto. Para isso, recorreu a um dos segmentos em franca expansão pelo país: prestação de serviços de assistência emergencial. Foi então que nasceu a Chama o Seu Zé.

A rede tem como público-alvo pessoas, habitações e empresas cuja atuação vai do tradicional reparo e pequenos ajustes elétricos, hidráulicos até serviços inovadores como o quebra-galhos e o mão-na-roda. Afinal, quem nunca precisou de alguém para fazer um reparo no chuveiro, trocar uma torneira que está vazando?!

“Como já fazíamos parte de uma corretora de seguros com investidores por todo o Brasil, resolvemos unir o útil ao agradável. Em todo contrato de seguro, está inserida uma cláusula de assessoria de assistência emergencial.  Com a produção de nossos franqueados no mercado segurador, uma grande demanda é gerada diariamente, além da demanda natural oferecida por todo o universo segurador brasileiro.  Definimos então por criar profissionais capazes de assumir parte desta demanda e, portanto, além das necessidades habituais de todas as pessoas comuns, somam-se ao gigantesco número de possíveis clientes, o público segurado”, conta Carlos.

“Em momentos difíceis, apesar de calma e ponderação, temos que ser audaciosos.  Enquanto alguns fecham lojas e se recolhem, vamos para o “front” e ganhamos espaço que outros deixaram por medo ou retração”, afirma Gomes revelando ainda que em nenhum momento teve dúvida sobre se era a hora certa para lançar um novo negócio.

Unindo forças

Hoje os negócios são comandados com punho de ferro por Carlos e o sócio Edinilson Lopes, um conceituado consultor de empresas que veio da capital paulistana. Com um olhar inovador e conhecimento no negócio, os sócios alcançaram ao todo mais de 300 unidades franqueadas pelo Brasil que faturaram juntas, no ano passado, cerca de R$18 milhões com os dois primeiros modelos de negócio. A expectativa é que para este ano, o aumento seja de pelo menos 10% em comparação com o ano passado.

“Ter o respaldo de Caroline na Corretora e depois do Edinilson, este desde o começo do processo de franchising, foi essencial. Edinilson, não apenas pelo seu esforço e tino para os negócios como também por aumentar potencialmente nosso leque de contatos”, disse Carlos sobre o sócio.

Sempre em busca de bem atender tanto os clientes finais como os franqueados, o grupo empresarial busca novidades em produtos e suportes. O empresário acrescenta que: “Aprendi que numa rede de franquias temos que ter permanentes novidades para todos.  Isto motiva, desafia e cria uma cumplicidade fantástica com os resultados”, diz.

Companheirismo dentro e fora da empresa

A todo o momento Carlos frisa que sua inspiração na “luta” é sua esposa, Caroline Prosdoskimys Gouvêa, que cuida da parte administrativa e do financeiro das marcas. Mesmo com a rotina de trabalho, o casal tenta deixar no escritório assuntos que não pertencem ao ambiente familiar. “Trabalhar com a mulher é uma forma de sempre estar junto. Os negócios nos exigem muito, tentamos ficar com os filhos, mas quando vão para cama, trabalhamos até tarde. Mesmo aos fins de semana sempre damos uma “olhadinha” nos e-mails que não cessam nunca”, conta.

“Esta gana por trabalho assusta um pouco os filhos. Mas penso que, no futuro, a empresa acabará chamando a atenção e no tempo certo eles estagiarão conosco. Mas prefiro testar-lhes as aptidões antes.  Sabem que devemos estar preparados para viver nas boas e más fases, pelas quais todo mundo passa e para as quais devemos nos manter alertas e preparados”, confessou o diretor.

O empresário ressalta ainda que não abre mão de estar com a família, principalmente aos finais de semana. “Almoço em casa na maioria dos dias, levo e busco meus três filhos em compromissos… Acho isso muito importante.  No trabalho mantenho o foco.  Mas se tenho instantes de lazer, como caminhadas, passeios no campo, entre outros, levo comigo anotações para refletir sobre os negócios ou outras questões.  Faço muitos cursos on-line na busca por mais informações.  E ainda consigo me deleitar com documentários e palestras diárias sobre física (mecânica quântica), filosofia, política e espiritualidade”, revela.

De encontro com as palavras

Carlos é apaixonado pela leitura. Interesse esse que herdou do pai, que já foi vendedor de livros. Tanto que o empresário já escreveu um livro intitulado como Saindo do Fundo do Poço publicado pela editora Paulinas que já está em sua sexta edição. Trata-se de um livro fruto da experiência do autor que revela com certa profundidade o que sentem os acometidos pela depressão. Esse material já fez parte da Feira do Livro em Frankfurt, na Alemanha.

Sucesso, uma consequência inevitável!

“Quando a pessoa trabalha naquilo que gosta, o sucesso é só a consequência do esforço e dedicação”, enfatiza Carlos.

Prova disso, é o sucesso das suas redes desde a idealização do negócio que mesmo diante da crise financeira segue em crescimento. Reflexo disso é ver os franqueados da rede atingindo seus objetivos. “Entregamos exatamente aquilo que vendemos. Muitos de nossos franqueados já foram dignos de elogios por várias outras redes. Vejo vários franqueados ganhando dinheiro, felizes e reinvestindo na própria marca e ampliando seus negócios. Contamos ainda com uma equipe completa em nosso quadro de colaboradores, todos muito comprometidos com o sucesso da rede, e com certeza são peças fundamentais desse sucesso, a dedicação de cada um faz com que os franqueados se sintam parte de uma grande família. Todos são muito especiais”, avalia Gomes.

Questionado se acredita ter se tornado um empresário de sucesso, Carlos é categórico: “Até o momento eu realmente acertei e errei muito.  Mas todos os tropeços foram importantes para que eu estivesse na fase atual.  Para o futuro o que eu realmente espero é conseguir preparar os negócios para caminharem em uníssono com as expectativas de clientes e parceiros.  E isso está bem perto”, conclui.