Consumidor paulistano está 22,5% mais confiante em março, do que estava no mesmo mês de 2016

As instabilidades socioeconômica e política ainda provocam oscilação na confiança dos paulistanos. É o que mostrou o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do município de São Paulo, que registrou queda de 3,9% em março, ao passar de 113,8 pontos em fevereiro para 109,4 pontos no mês. Na comparação com março de 2016, porém, houve expressiva alta de 22,5%, o que demonstra que o humor do consumidor, no início de 2017, segue sem uma trajetória definida, mas é muito melhor do que o sentimento do ano passado. A pesquisa é realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e a escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total).

Os dois quesitos que compõem o indicador registraram recuos na comparação com fevereiro. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) retraiu 10,4% ao passar de 74,6 pontos em fevereiro para 66,8 pontos em março. Em relação ao ano passado, o indicador apresentou alta de 24,9%. Já o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), outro componente do ICC, registrou queda de 1,6% ao passar de 140 em fevereiro para 137,8 pontos em março e, no comparativo anual, a alta foi de 21,7%.

Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, após o avanço apurado na passagem de janeiro para fevereiro, o ICC voltou a cair em março, porém, a oscilação está dentro da normalidade, pois em períodos de instabilidade socioeconômica e política, os indicadores de percepção e confiança costumam demonstrar alta volatilidade nos seus resultados mensais.

A desaceleração verificada nos preços dos insumos, de acordo com a Entidade, acaba sendo ofuscada por fatores como desemprego, crédito ainda caro e escasso, e o elevado comprometimento da renda com dívidas das famílias. Essas variáveis ainda podem ocasionar oscilação no ICC nos próximos meses, mas a Federação aponta que após o primeiro semestre, tudo indica que pode haver um processo de recuperação mais consistente do poder de compra do consumidor, com as quedas da inflação e dos juros.

Gênero e renda

Em março, o ICEA apresentou retração em todas as suas segmentações. Os principais destaques negativos ficaram por conta dos consumidores com renda familiar inferior a dez salários mínimos, que apresentaram queda de 12,5%, ao passar de 71,9 pontos em fevereiro para 62,9 pontos em março, além do grupo masculino que recuou 10,9%, passando de 82,7 para 73,7 pontos em março.

Os grupos que compõem o IEC também apresentaram resultados negativos, com destaque para os consumidores com renda familiar superior a dez salários mínimos e aqueles consumidores com idade superior a 35 anos. O primeiro grupo registrou queda de 3,8% ao passar de 154,6 em fevereiro para 148,7 pontos em março e o segundo recuou 1,6% passando de 139,6 em fevereiro para 137,3 pontos em março.

Metodologia

O ICC é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.

Os resultados são segmentados por nível de renda, gênero e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.

A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central dos Estados Unidos.