Cerca de 25% de Millennials entrevistados em pesquisa estão desempregados, 57% há mais de um ano.

A pesquisa foi apresentada durante o CONAREC 2017, no Hotel Transamérica, São Paulo.

Além do desemprego identificado em 25% dos jovens, entre esses, 57% há mais de um ano, a pesquisa, que ouviu 1 mil brasileiros entre 18 e 32 anos em julho deste ano, aponta que 47% deles não estudam atualmente, e desses, 34% nem estudam nem trabalham. É a denominada por especialistas como a geração Nem Nem, parcela que vem chamando a atenção de estudiosos em comportamento jovem no Brasil.

O resultado faz parte da pesquisa inédita “Millennials e a Geração Nem Nem”, realizada pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP), em parceria com a empresa de pesquisa digital MindMiners, que levantou aspectos como carreira, valores profissionais, emprego dos sonhos – moradia, renda e despesas – prioridades de consumo e entendimento de conceitos como economia compartilhada por parte dos jovens.

“É a geração mais preparada, mais informada, mais educada da história e a mais desempregada. Eles querem participar, se engajar, querem ser envolvidos, querem ganhar o mundo”, afirma Roberto Meir, especialista em relações de consumo, varejo, cidadania e CEO do Grupo Padrão (organização responsável pelo Centro de Inteligência Padrão).

DESEMPREGO ELEVADO E VALORES DIFERENTES

A pesquisa também aponta que, entre os que estão empregados, a modalidade CLT ainda é maioria 29%. Entre toda a amostra, 54% dos entrevistados se consideram satisfeitos e muito satisfeitos com o trabalho atualmente. E 60% são contra a reforma trabalhista.

Segundo Meir, o mercado brasileiro precisa olhar mais para os profissionais jovens para não perdermos talentos para outros países. “Se não tiver essa mão de obra mais para usar em favor do país, vamos começar a perder talentos, a exportar uma geração brilhante”, ressalta.

– Perfil Nem Nem, os que nem trabalham* nem estudam

34%: 28% “desempregado” e 6% “nunca trabalhei”

Para os que estão em busca de uma oportunidade, a pesquisa revelou que as fontes prioritárias são os contatos pessoais (58%), sites de busca de emprego (56%) e as redes sociais (51%).

Quanto aos critérios e às exigências para estar no mercado de trabalho, a maioria se mostrou flexível: 68% dos jovens concordam em aceitar empregos que paguem menos; 82% avaliam como possíveis as oportunidades que estejam fora de sua área de formação; 60% consideram uma outra cidade como local de trabalho, e 45% se dizem dispostos a trabalhar mais que 40 horas semanais. 

Para os Millennials, que se consideram ambiciosos, trabalhadores e estudiosos, o papel das empresas é questionado: 76% discordam que as empresas atuam de forma ética; 75% discordam que estão comprometidas a melhorar a sociedade, e 71% discordam que há respeito aos funcionários. Já 63% dos Millennials concordam que existe falta de espaço para quem não tem experiência, porém reconhecem possibilidades de crescimento dentro das corporações e valorização dos jovens profissionais, com 45% e 39% de concordância.

Sobre o ambiente de trabalho, os respondentes indicaram como aspectos mais importantes o incentivo à geração de novas ideias e melhorias (54%); a comunicação aberta e transparente, (47%), e o compromisso com igualdade e inclusão (44%), frente a quesitos como horários e performance monitorados (8%), forte hierarquia e importância de cargos (7%) e tempo reduzido para aprendizado (3%).

Quando perguntados sobre o emprego ideal, equidade de salário e direitos entre homens e mulheres, liderança de pessoas jovens, e inclusão social resumem, como mostram os números abaixo, o que a nova geração espera encontrar nas empresas.

Para esses brasileiros, o emprego ideal é em empresas de tecnologia (48%) ou no próprio negócio (49%). Mas ainda é alto o número de pessoas que desejam construir carreira em grandes corporações (37%). Google (31%) aparece como empresa dos sonhos para se trabalhar, seguido da Apple e Microsoft (empatados com 3%); Netflix e Facebook (1%).

PRAZO DE 2 A 10 ANOS PARA FINANCIAR O ESTILO DE VIDA QUE DESEJAM (Moradia e Renda)

Os dados também registram que 60% desses jovens moram com pais ou familiares. Entre os integrantes da geração Nem Nem, o índice sobre para 67%.

A maioria sai de casa entre os 15 e 25 anos. E, para os que ainda moram com os pais, a pretensão de 35% dos jovens é sair de casa entre 26 e 30 anos.

Um terço dos Millennials afirma não pagar nenhuma conta – entre a geração Nem Nem o índice é maior 52% e 59% dos millennials afirmam receber ajuda dos pais para se manter.

Segundo a amostra total, seriam precisos de 2 a 10 anos para alcançar uma renda suficiente para financiar o estilo de vida que desejam.  Em a geração Nem Nem, 18% indicou “daqui a pouco” (na amostra total é 9%).  7% do total não acredita que vai conseguir a vida que sonhou.

COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Falando de consumo, esta geração revela que os itens fundamentais de compra são: casa própria (95%), plano de saúde (88%), smartphone (79%) e carro (76%).

Nos hábitos de compra, se têm dúvidas, preferem fazer pesquisa pelo celular a falar com um vendedor e, mesmo quando estão em loja física, comparam preços pelo celular antes de decidir realizar a compra. A preferência por marcas que possuem programas de vantagens e benefícios, que tenham valores parecidos com os seus, e sejam sustentáveis, são pontos que incentivam o consumo.

Outro destaque é quando se trata de economia compartilhada. Na amostra, 70% dos Millennials afirmam não saber o que significa o termo. E, depois de entender a definição, o Uber é a maior referência entre as empresas. Aliás, as respostas apontam que existe na mente dos entrevistados uma conexão direta entre o conceito de economia compartilhada e as empresas de mobilidade urbana. Poucos deles indicaram marcas de outro segmento.

Ainda sobre a mesmo tópico, a maioria afirma utilizar os serviços pelos custos reduzidos (62%); praticidade e facilidade (24%), e a experiência proporcionada (7%), e reconhece o impacto positivo no mundo. Grande parte também acredita que o crescimento da economia partilhada é reflexo da crise que o país enfrenta. Os entrevistados também concordam que grandes empresas tradicionais irão adaptar seus modelos de negócio se quiserem sobreviver, e desejam que novas empresas de mobilidade e transporte surjam com o mesmo conceito, seguidas de alimentação.

POSICIONAMENTO E QUESTÕES SOCIAIS

Quando questionados sobre a afirmação “ser uma pessoa ambientalista” 75% concordam que sim. E quando perguntados sobre “Eu sou uma pessoa que apoia os direitos das minorias sociais” e “Eu sou uma pessoa patriota”, em ambos os casos, 37% dizem que sim.

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