A crise, a doença e as transfusões de sangue desnecessárias

Que o Brasil atravessa uma das piores crises econômicas das últimas décadas não é novidade. Por isso franqueadoras e franqueados têm buscado cada vez mais saídas criativas para sobreviver e até crescer se possível. Essa ideias podem passar por alterar mix de produtos ou cardápios, por exemplo. Mas será que isso funciona?

Conversamos com Marcus Rizzo, um dos fundadores da Associação Brasileira de Franquias (ABF) e sócio da consultoria Rizzo Franchise. Profissional especializado na estruturação de organizações franqueadoras e suas redes, Rizzo tem obtido sucesso nessas atividades trabalhando com redes no Brasil e no exterior, com experiência em mais de cem organizações nacionais e multinacionais. O especialista nos fala da situação econômica como o autêntico doutor em franquias que é: afinal, a crise é a doença, o sintoma ou só uma virose? Confira.

Mapa das Franquias: Diante da crise, existe a possibilidade de a franqueadora trabalhar o mix e introduzir produtos mais baratos? Qual tem sido a atitude dos franqueados? Eles sugerem isso às redes?       

Marcus Rizzo: Crise é sempre o sintoma de uma suposta doença. Corremos ao médico e voltamos com a resposta de que é somente uma virose! Assim acontece nos negócios, especialmente no varejo, após diagnosticar o sintoma crise, sempre colocamos a culpa no mix de serviços e produtos por não estarem adequados ao momento.

Mudar mix de produtos ou mesmo alterar cardápios como forma de se adaptar aos tempos de crise econômica é como realizar uma transfusão de sangue em um moribundo. Ele reage nos primeiros momentos, vindo a morrer logo em seguida.

Mapa das Franquias: Que tipo de inovação seria permitida por parte de um franqueado se quisesse vender para um público de menor poder aquisitivo, isso descaracterizaria a franquia?

Marcus Rizzo: Sou favorável a constante evolução de cardápios, mix de produtos e serviços que busquem especificamente ganhar mercado e a apreciação de consumidores. Mas, alterar produtos e serviços pela simples redução de preços é uma medida drástica e, sem que as despesas tenham tido o corte adequado é, invariavelmente suicídio.

Mapa das Franquias: Qual seria a saída entre amargar perdas, fechar a loja ou esperar a crise passar? Dá para enxugar custos? Como?

Marcus Rizzo: Em todas estas situações deveríamos repensar na avaliação e como tal, muito provavelmente, teríamos uma diagnose bem diferente. Vejamos:

– O negócio está instalado no local adequado, junto ao seu público alvo?
– É possível renegociar os valores de ocupação – aluguel, condomínio e outros?
– Mudar processos de atendimento, produção, cobrança e entrega poderiam gerar redução de custos e em especial com pessoal?
– Renegociar insumos com fornecedores sem alterar a qualidade pode garantir a margem?
– Alterar o consumo de energia, fonia, dados e outras despesas que somadas acabam corroendo a lucratividade?

Mapa das Franquias: Em momentos de crise, franquias que exigem menos investimento são mais procuradas? O que acontece com aquelas que precisam de investimentos mais vultosos?

Marcus Rizzo: Sim e, geralmente, por aqueles que não possuem capital para investir, aumentando o risco de investimento no negócio. As que precisam de investimentos mais vultosos continuarão sendo procuradas por aqueles que possuem o necessário capital para investir.

Mapa das Franquias: Existem redes crescendo apesar da crise? Ou ao menos se mantendo como estão? Qual o segredo delas?

Marcus Rizzo: Muitas estão crescendo e continuarão. O que muda agora é um cuidado maior com a localização, buscando instalar o negócio junto ao público alvo que possui necessidade de consumo em quantidade suficiente para manter o negócio.

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