FRANQUIAS ENCOLHEM 2% EM 2015; PIB EM QUEDA E INSTABILIDADE POLÍTICA SÃO AS CAUSAS

Interrompendo uma série histórica iniciada em 2003, o faturamento do setor de franquias caiu em valores reais 2,18% no ano passado com relação a 2014. Mesmo apontando um crescimento nominal de 8,3%, com faturamento de quase R$ 140 bilhões, o setor não resistiu à alta da inflação (10,5%) e à queda do PIB, que, segundo estimativas preliminares do IBGE apontam decréscimo de 3,7%.

O resultado é o pior desde que os números começaram a ser compilados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). Estes índices corroboram o fato de que “não somos uma ilha”, segundo a presidente da entidade Cristina Franco. “A instabilidade política e a desaceleração econômica agravaram o nosso cenário e fizeram a confiança do consumidor cair”, concluiu.

À primeira vista, o estudo pode parecer detalhado com muitos números e gráficos. Entretanto, durante a coletiva na sede da ABF, tais dados não revelaram o ritmo de expansão de novas unidades e quantas destas são de unidades convertidas.

Também a decisão de se repassar informações dos dados monetários apenas em valores nominais, e não reais, pode causar uma impressão que não se coaduna com a realidade de um país em forte retração econômica. Uma razão apresentada para o estudo ser elaborado desta forma, segundo a assessoria de imprensa, se deve ao fato de que a inflação atinge valores diferentes nos variados setores que compõem o universo do franchising: ou seja, não há dados que contemplem o impacto causado pela inflação em cada um dos ramos que o compõem.

Quando perguntado pela reportagem sobre quantas marcas de fato conseguiram comercializar novas unidades, Claudio Tieghi, diretor de Inteligência de Mercado, Relacionamento e Sustentabilidade da associação, afirmou “que analisar marca a marca quantas conseguiram obter é impossível. Mas todas as marcas tiveram novos franqueados em 2015”. Ele disse também que a pesquisa trabalha apenas com dados das marcas associadas. O Mapa das Franquias fez uma análise com base no anuário da ABF 2014 que mostrou que quase 30% das novas marcas conseguiram comercializar apenas 0, 1 ou 2 unidades.

O levantamento da ABF aponta que o número de unidades de franquia em operação no Brasil alcançou 138.343 em 2015, ocasionando um crescimento de 10,1% com relação ao ano anterior. De acordo com Tieghi, “esta própria expansão não teve tempo de dar resultado porque muitas unidades que abriram no segundo semestre não conseguiram colaborar com o nosso desempenho final. Muitas redes não repassaram a alta dos preços para o consumidor”, asseverou. Um ponto positivo destacado por ele é “que pela primeira vez detectamos novas unidades franqueadas em municípios com menos de 50 mil habitantes”.

Para 2016 a ABF tem estimativa mais conservadora e espera crescimento – sempre nominal – entre 6% e 8% no faturamento; já o Banco Central, em seu último boletim divulgado no dia 22 de janeiro, estima inflação de 7,23% neste ano.

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